Os afetos pulsam no ENTRE
- João Antonio Evaldt
- 22 de fev. de 2023
- 1 min de leitura
Atualizado: 2 de mar. de 2023
A relação que se constrói entre consulente e gestalt-terapeuta é guiada pelo afeto. É a partir daquilo que sinto, do que me escapa à razão, daquilo que não sei sobre quem está diante de mim ou sobre mim mesmo, que me coloco de maneira sincera no processo terapêutico. Me nego ocupar o lugar da verdade sobre o outro, pois não sou guia, nem trago uma fórmula de cura. Permaneço aqui para suportar a angústia, compartilhar feridas e aprender a reconhecer e a comemorar as belezas da vida.
É como ser acompanhante em uma travessia. Sigo ao lado, nunca à frente ou atrás. A cada passo que damos juntos observamos como está o caminho, se há um calçado mais confortável para que as pedras pontudas não machuquem os pés, ou se encontramos ali adiante um teto seguro para nos abrigarmos da chuva que se anuncia. Na medida que avançamos, aprendemos a caminhar num ritmo próprio, escolhendo por onde é melhor seguir e respeitando os momentos de descanso. Assim se criam recursos e se descobrem novas trilhas.
Para que um encontro genuíno aconteça, necessitamos de uma relação horizontal. É a partir da minha humanidade e da minha experiência no mundo, também cheia de dores e alegrias, que acolho aquilo que vem do outro. E como qualquer relação, para se manter saudável e contribuir para o crescimento do consulente, é preciso que esta seja cultivada e cuidada. É como uma tessitura feita em conjunto, no entre: dali irão surgir as pontas soltas, os emaranhados e os nós cegos que, ao serem encarados e cuidados com apreço, se tornam as flores de um belo bordado.
Psicólogo João Antonio Evaldt CRP 12/22902





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